Formar profissionais para a Educação é assunto polêmico e discutido por muitos autores, dentre eles, referencio, Alarcão (1996), Fischmann (1986) e Gatti (1997), os quais expõem através dos estudos, direcionamentos que consideram pertinentes para questões formativas nos conteúdos teóricos discutidos, indicando necessidades emergentes para constituir um profissional de caráter amplo, com pleno domínio e compreensão da realidade do seu tempo, onde a prioridade tende a consciência crítica reflexiva, permitindo interferir de forma significativa, transformando situações inusitadas, tanto na escola, no cenário educacional, ou quem sabe na sociedade onde está inserido. Ter a docência como base de sua identidade seria o ideal ao profissional ligado a educação, onde, independente desse item como requisito, teria ainda que dominar bem o conhecimento específico de sua área de atuação, articulado aos conhecimentos pedagógicos e práticos para exercer sua função. Sendo assim, a formação do professor, precisa intencionalmente possibilitar de maneira geral e especifica, seu desenvolvimento como pessoa, profissional e principalmente cidadão. Depois destas primeiras aproximações, exponho uma discussão que complemente o tema até aqui revisto, discorrendo com mais intensidade e objetividade sobre a formação e docência do profissional de Educação Física, seja na licenciatura ou bacharelado e as relações de gênero que permeiam esse campo durante seu trajeto, tendo em vista que a área carrega em sua história, uma herança enraizada no perfil militar, onde o processo formativo se remetia especificamente numa estrutura de dois anos com ênfase nos aspectos biológicos e técnicos, ou seja, conhecimentos sobre o corpo humano e os relacionados às ginásticas e aos esportes, tudo isso caracterizando a figura masculina como prioridade nos cursos. Nesta perspectiva, cabe ainda recordar que o processo para formação inicial de profissionais de Educação Física no Brasil, encontrava-se ligado à Marinha, à Força Pública e principalmente ao Exército, onde, estes órgãos se apropriavam de diferentes Métodos Ginásticos para a efetivação dessa formação, ou seja, uma educação de caráter especificamente técnico e prático. Neste contexto, é que surge em 1933, com o Decreto Lei nº 23. 252 a Escola de Educação Física do Exército, no Rio de Janeiro, com nova organização e com os currículos e objetivos atualizados. No âmbito deste contexto, os objetivos desta pesquisa tiveram como ênfase (a) Pensar sobre o corpo e as práticas educativas da Educação Física Escolar direcionadas por professoras (sexo feminino) e suas possíveis relações na construção dos estereótipos masculinos e femininos. (b) Averiguar e apontar como que os corpos são construídos sob o olhar de referências, atributos e culturas advindas das relações de gênero. (c) Investigar se as questões de gênero imbricadas no campo dessa formação profissional, até por conta da herança militarista que a Educação Física carrega, tem relevância para a criação de estereótipos masculino/feminino, tendo em vista através de dados teóricos que a área possui uma forte tendência a masculinização. Assim, a pesquisa teve como eixo metodológico, um estudo descritivo de análise qualitativa com técnicas de entrevistas semi-estruturadas para a obtenção de dados empíricos; neste caso específico priorizaram-se somente professoras de Educação Física que atuam diretamente nos quatro níveis escolares (educação infantil, ensino fundamental I, ensino fundamental II e ensino médio), e também algumas observações de aulas das mesmas. O foco nas entrevistas emergiu com as seguintes problemáticas: - A escola e as práticas educativas da Educação Física escolar contribuem para reforçar os estereótipos masculinos e femininos? - Como que as professoras de Educação Física percebem suas práticas educativas, lecionando para meninos e meninas? Pensando nas questões destacadas, o referencial teórico se valeu dos escritos sobre gênero, da crítica teórica feminista e das atuais publicações na área da Educação e especificamente da Educação Física escolar para justificar os possíveis apontamentos investigados. As contribuições da pesquisa pautaram-se na apresentação de dados sustentáveis que reforçam a importância da discussão sobre questões de gênero no espaço escolar, prioritariamente na formação e durante a docência da profissional de Educação Física, pois denunciam preferências em trabalhar o masculino pensando nos resultados alcançados.
Palavras-chave: Educação Física escolar. Formação. Docência. Práticas educativas. Gênero. Estereótipos.
Narciso Mauricio dos Santos
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP /SP
Orientadora: Dra. Jane Soares de Almeida
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